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O marketing de conteúdo e o setor da saúde.

Atualizado: 2 de jan. de 2021

A indústria farmacêutica em Portugal desenvolve-se num contexto de elevada regulamentação em termos gerais e, em particular, no que ao marketing e comunicação diz respeito.


O Infarmed e a Agência Europeia do Medicamento impõem medidas altamente restritivas de comunicação, mesmo quando se trata de OTC`s (over-the-counter ou medicamentos de venda livre). Mas, isso já nós sabemos! Principalmente, aqueles que têm vindo a desenvolver a sua atividade profissional no setor farmacêutico. Comunicar em saúde é desafiante, requer um “saber fazer” que muitas vezes só é trazido pela experiência.


Facto é que a saúde é uma área sensível e, talvez por isso, comunicar em digital e com boa saúde não deve descartar qualquer bom princípio de marketing e comunicação.


Todos sabemos que o "Dr. Google" é uma referência na área e que a maioria dos doentes e seus familiares iniciam a sua jornada na pesquisa de informações e soluções para os seus problemas antes de procurar assistência médica efetiva. O "Dr. Google" tem sempre resposta e nem sempre a melhor!


Os profissionais de saúde de hoje não lidam só com o doente e com a sua doença, lidam também com o esclarecimento de dúvidas e certezas impostas pelo "Dr. Google"! E isso, é um enorme desafio para estes profissionais. O tempo que têm para os seus doentes é cada vez menor e as questões são cada vez maiores. De acordo com este motor de busca, uma em cada 20 pesquisas está relacionada com perguntas sobre sintomas de doenças. Efetivamente, a saúde é uma área muito sensível e algo muito pessoal.


É natural que as pessoas procurem respostas nas suas pesquisas online, por isso, o bom conteúdo é fulcral para evitar erros de informação. Conteúdo relevante, fidedigno, com informação e dados que possam realmente fazer a diferença na vida das pessoas.


Não é bom para ninguém - doente, médico, indústria, instituições de saúde, entidades reguladoras e governamentais, etc.- ter pessoas mal informadas no âmbito da saúde. Por isso, é que nenhum destes players se pode dar ao luxo de apenas ter um site estático no ar, a falar dos seus produtos e serviços, das suas boas intenções e cada um no seu próprio sentido.


Todos precisam de produzir, promover e distribuir conteúdos fiáveis e se o fizerem em parceria o ganho é maior, principalmente para o doente.


A indústria farmacêutica tem a capacidade de produzir, promover e distribuir ótimos conteúdos online e, na minha opinião, deve fazê-lo em prol de um bem comum: doentes mais informados e a correr menos riscos de saúde. Mas, teremos que, inevitavelmente, voltar ao início desta reflexão - a indústria farmacêutica em Portugal desenvolve-se num contexto de elevada regulamentação (…), no que ao marketing e comunicação diz respeito. É um facto!


Mas, os tempos mudaram e todos precisamos de nos atualizar.


Talvez esteja na hora de as entidades reguladoras abrirem os seus horizontes e não se deixarem cegar pelas restrições que em tempo foram muito úteis. Hoje, a realidade assume novos contornos. Se antes era possível restringir o acesso à informação, hoje a força da Internet torna isso impossível.


Há que olhar para o contexto online e perceber que é aí que as pessoas consomem informação e que pouco há a fazer para evitá-lo. Então, há que voltar a legislar. Legislar com conhecimento absoluto da nova era da informação.


É preciso fortalecer parcerias entre doentes, médicos, indústria farmacêutica, instituições de saúde, sociedades científicas, entidades reguladoras e governamentais. Fortalecer parcerias entre todos, inclusive com o "Dr. Google"!


Sem mais delongas, deixo-vos a refletir.


Bom trabalho, um grande abraço e até breve!


Paula Ribeiro

Head of marketing and communication at bloom up | marketing content strategist | Trainer | Consultant


Ilustração de António Aires

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