Não é só entre pais e filhos que o conflito de gerações acontece. Estamos em 2019 e é comum identificar, pelo menos, 4 gerações a trabalhar em conjunto numa mesma empresa e/ou projeto.
Já foi há algum tempo, mas lembro-me de o meu livro de inglês do 9º ano ter um capítulo cujo título era Generation Gap. Naquela altura da minha felicidade, tinha eu 14 anos, muito acne e todos os conflitos X versus Baby Boomers. Este título, que gravei na minha memória até hoje, fez-me todo o sentido naquela altura e até funcionou como terapia para acalmar as minhas dores de adolescente. Hoje, com outras dores de felicidade, este é um título que me volta à memória e a analogia é inevitável. Decidi organizar ideias…
Estamos em 2019 e é comum identificar, pelo menos, 4 gerações a trabalhar em conjunto, o que na minha perspetiva é fascinante. Mas sendo fascinante, não deixa de ser um desafio. Numa pesquisa rápida online, encontrei as seguintes gerações passíveis deste cenário:
Geração Silenciosa - Nascidos entre 1925 e 1945, viveram de perto o drama da Segunda Guerra Mundial, um período marcado por grandes dificuldades, grandes crises económicas e sociais. São naturalmente pessoas mais rígidas, respeitam e valorizam as hierarquias, a família, e valores como a integridade moral estão mais presentes. Preferem uma vida estável, trabalharam muitos anos, senão a vida inteira, na mesma empresa.
Baby Boomers - Nascidos entre 1950 e 1960. O nome deriva da explosão demográfica após a Segunda Guerra Mundial. Esta foi a era da globalização marcada pelo capitalismo e vários movimentos históricos tais como o hippie, feminismo, os ideais de liberdade, a luta contra o racismo e outros. Uma geração que viveu uma grande transformação cultural muito influenciada também pela ascensão da televisão. Cresceram na base de uma promessa de estabilidade económica, com mais e melhores oportunidades. Valorizam a estabilidade financeira, a experiência profissional e são fiéis às empresas.
Geração X - Nascidos entre 1961 e 1979. A guerra fria, o muro de Berlim, o 25 de abril e a descoberta da SIDA, em 1981, são eventos históricos desta época. É a primeira geração a ter como prioridade a formação académica. Dotada de uma visão revolucionária levando em consideração eventos como o 25 de abril em Portugal e mais tarde, em 1989, a queda do muro de Berlim. Uma geração que hoje valoriza muito a estabilidade financeira, a carreira profissional e a realização pessoal passa muito pela aquisição de bens tais como a casa e o carro.
Geração Y - Nascidos entre 1980 e 1990, cresceram online. Estão sempre ligados à Internet e às redes sociais. Mais individualistas que as gerações anteriores, focados na produtividade, gostam de desafios, são dinâmicos e mais preocupados com o bem-estar. A motivação profissional vivida também no ambiente de trabalho é fundamental e quando assim não é, não hesitam em procurá-la noutro lugar.
Geração Z – Nascidos entre 1991 e 2000, mesmo no meio do boom tecnológico. Os bens materiais são menos valorizados e a experiência fala mais alto. Valorizam o intercambio cultural, procuram com frequência novas oportunidades e novas possibilidades de colaboração com novas pessoas. Têm espírito empreendedor, aventureiro e querem fazer diferente.
5 gerações vivas dos nossos dias.
Dizia eu que, estamos em 2019 e é comum identificar, pelo menos, 4 destas gerações a trabalhar em conjunto numa mesma empresa e/ou projeto. Desafiante, não?! Eu acho que é. E é por isso que decidi escrever sobre o tema.
Há uns dias, participei num think thank a convite de uma das universidades onde estudei, e fiquei maravilhada porque naquela sala, entre ex-professores, professores, ex-alunos e alunos estavam reunidas as 5 gerações. Qual foi o resultado? Uma discussão milionária! Uma partilha de saberes e experiência riquíssima. Uma reflexão que levei comigo para casa e para a vida, que muito contribuiu para alimentar ainda mais a minha frustração de não ter nascido mais tarde!
Eu estava ali, mais ou menos no lugar do meio, fascinada com as laterais. A concordar e a discordar, a lançar pontos de vista, a receber provocações e a provocar. Já no carro, no meu regresso a casa, surge uma pergunta/cenário na minha cabeça: como será uma equipa desta heterogeneidade geracional a trabalhar na mesma empresa e/ou (pior) no mesmo projeto? Das 5 gerações que assinalei, não é descabido que, pelo menos, 4 se encontrem. A distância entre a discussão de ideias e o conflito pode ser um caminho de atalho curto se não for bem monitorizado.
Ora, isto coloca grandes desafios às empresas. As empresas têm de estar muito atentas ao perfil de cada geração, começando logo pelo recrutamento de novas pessoas. Se por um lado é preciso ser arrojado a recrutar para fomentar uma nova energia na equipa, por outro é preciso ser prudente com o risco de conflito. Mas não só.
Se o cenário for várias gerações na mesma sala a trabalhar para um bem comum, isto pode transformar-se num verdadeiro caos se não houver uma boa gestão da diversidade. Para além das diferenças geracionais, há que considerar as diferenças habituais! E não é só do ponto de vista relacional que a diversidade deve estar harmonizada, é também do ponto de vista produtivo.
No meu entendimento, a palavra de ordem é respeito. As diferenças devem ser respeitadas e para isso, estas têm de ser do conhecimento de cada um. As pessoas devem conhecer-se entre elas, saberem mais umas das outras e contextualizarem-se com as realidades de cada uma. Nenhuma é melhor ou pior que a outra. São diferentes. E por serem diferentes, juntas podem ser muito melhores!
Gerações com mentalidades diferentes a trabalhar em equipa, obrigam as empresas a adotar uma política de gestão da diversidade. E porque não? E se em vez de a empresa olhar para esta nova política como uma dificuldade, a conseguir ver como uma oportunidade? Será que gerir as diferenças, promover a diversidade e a multidisciplinaridade não será uma enorme vantagem competitiva?
É importante saber aproveitar o melhor de cada geração, todas possuem grandes valores que, quando somados, só podem ser uma grande mais-valia para humanidade.
Uma simples reflexão!
Abraço
Paula Ribeiro
Head of marketing and Communication at bloom up
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