Portugal é um país de micro e pequenas empresas. A literacia na área de marketing e comunicação tem vindo a melhorar, mas ainda não é suficiente para elevar a dimensão do tecido empresarial português. Precisamos de mais.
Precisamos de deixar de lado o marketing de fé e de esperança. Esta é uma expressão que costumo utilizar e o meu objetivo não é o de ofender seja quem for. O objetivo é levar os meus clientes, os meus alunos e a si que me está a ler, a estar cada vez mais consciente de que marketing e comunicação se baseiam em dados e estratégia.
Não são raras, infelizmente, em Portugal, as organizações que implementam táticas assentes em nada e ficam na fé e com a esperança de obter bons resultados, muitas vezes sem uma definição exata do que são “bons resultados”.
Colocar táticas à frente da estratégia, não é um bom princípio e o resultado pode ser (na maior parte das vezes é) desastroso.
É preciso contextualizar uma organização, analisar e diagnosticar. Requer tempo e saber fazer, mas rentabiliza recursos e, acima de tudo, potencia resultados.
Se nos meios tradicionais a fé e a esperança na implementação de táticas sem estratégia constituem uma dura realidade, nos meios digitais ainda é mais flagrante.
O marketing digital há muito que andava a bater à porta das empresas e da consciência de muitos gestores, mas foi o covid-19 que o sentou ao colo dos mais distraídos. E agora? “Temos de ir para as redes sociais fazer barulho” e, de facto, muitos foram!
Mas, isto não é marketing, muito menos marketing digital.
Segundo a AMA, “American Marketing Association”, marketing é um conjunto de atividades, processos e instituições, que estão focados na criação e comunicação de ofertas de valor para o consumidor, para eles próprios e para a sociedade, como um todo.
Nesta definição simples, encontramos imediatamente 3 atores em todo o processo – o consumidor, as organizações e a sociedade. Então, a pergunta que se segue é: qual é a representatividade de cada um deles no meu contexto organizacional?
Ou seja, como é que eu caracterizo a minha organização? Quem é o meu consumidor, o meu público-alvo? De que forma o mercado se comporta e evolui? Qual é o meu contributo para uma sociedade em constante evolução? Quais são os meus objetivos quantitativos e qualitativos? (…) Qual, como, quando?...
A resposta é a pergunta. Perguntar, perguntar e perguntar. Quanto mais e melhor souber perguntar, melhores serão as respostas que vai obter e mais efetivo será o diagnóstico que vai fazer.
Depois do diagnóstico pense numa estratégia para o seu negócio assente na prossecução de objetivos bem definidos. Pense bem e, pense neles numa perspetiva quantitativa e qualitativa, porque na verdade todos nós – pessoas e organizações - fazemos parte de um todo, também ele quantitativo e qualitativo.
Depois avance para um plano tático e um plano de ação e coloque toda a sua fé e esperança na monitorização dos resultados!
Bom trabalho e um grande abraço (virtual e protegido com antivírus)!
Paula Ribeiro
Head of marketing and communication at bloom up | marketing content strategist | Trainer | Consultant
Dedicatória: esta reflexão resulta de uma promessa muito “engajada” que fiz aos meus alunos de Plano de Marketing, que muito apreciaram o termo “marketing de fé e de esperança”. Aqui fica o nosso contributo, meu e deles, para que o tecido empresarial português seja cada vez mais forte. A todos, um enorme abraço!
Ilustração de António Aires
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